E, de onde poucos esperavam, surgiu um lição de democracia

Qual é a atitude correcta que alguém pode ter quando sabe que não pode cumprir os compromissos que assumiu? Aqueles para quem a responsabilidade não é coisa de grande importância desculpam-se com as alterações nas variáveis e não fazem nada ou então fazem o oposto ao que haviam dito em tempo de campanha. Outros há que se demitem e propõem-se a novos compromissos. Cada eleitor escolhe em quem votar.

Por esta altura tenho de explicar que Alberto João Jardim não é o modelo de líder que mais admiro, fala demais e muitas vez mal, mas ainda assim admiro-o.

E passei a admirá-lo mais depois da sua mais recente atitude. Todos os que o criticam esquecem-se que Jardim tem sido eleito consecutivamente, por larga margem, democraticamente e não é provável que se encontre em Portugal eleitores mais satisfeitos com os resultados que lhes têm sido apresentados do que os madeirenses. Claro que ao fim de tantos anos de poder criam-se hábitos, vícios, arrogâncias e prepotências, mas esse é apenas um dos problemas da democracia, daqueles que até nem são muito graves.

Grave é não cumprir o plano com que se foi eleito, ainda que possam existir vários atenuantes para essa gravidade.

Com esta alteração à Lei das Finanças Regionais o projecto de Jardim não é viável, deixa de poder ser cumprido e os que hoje o acusam de traição ao povo da Madeira são os mesmos que o iriam criticar no fim do mandato por não ter cumprido com o que havia prometido.

Alberto João Jardim fez o que tinha a fazer ao não concordar com a alteração nas regras do jogo quando este ia a meio. Demitiu-se porque sabia que não podia cumprir com o que prometeu, agora vai preparar um novo programa de governo e cabe aos madeirenses decidir a quem confiar os destinos da Madeira.

Publicado por

Nuno Ferro

Nuno Ferro tem 38 anos, cresceu em Mafra e mais tarde mudou-se para Lisboa. Actualmente, trabalha na Sky como Reliability Manager.

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