Adeus PSD

Exmo. Sr. Secretário Geral,

Durante longos anos de militância activa nunca consegui compreender como a maior oposição do PSD era feita de dentro do próprio partido, nomeadamente por Rui Rio e as pessoas que o rodeiam desde que tomou posse. Incompreensível também é a renegação constante que tem sido feita ao legado dos anos difíceis de governação de Passos Coelho, ou a peregrina ideia de afirmar o PSD como um partido de centro-esquerda, ou as declarações delirantes de Rio Rui quando sofreu uma derrota humilhante nas últimas legislativas, ou a constante falta de oposição ao governo PS. Tudo isto me deixava triste e desiludido do partido que considerava meu, mas tinha sempre esperança de que melhores dias haviam de chegar ao PSD.

Hoje é-me impossível continuar a pertencer ao PSD. É-me impossível continuar a militar num partido no qual não votei nas últimas eleições e não perspectivo voltar votar. É-me, sobretudo, impossível fazer parte de um partido que deixou de respeitar a democracia e a responsabilização dos decisores políticos.

Face ao exposto, eu, Nuno David Alpendrinho da Costa Ferro, militante no 108882 do Partido Social Democrata, venho por este meio solicitar a minha desfiliação com efeitos imediatos.

No passado dia 27 tomei a minha última acção como militante do PSD ao comunicar ao Secretário Geral o supra-citado.

Breve análise aos resultados autárquicos em Mafra

Freguesias

Em ano de renovação, só em Mafra havia recandidatura, o PSD venceu 10 das 11 freguesias no concelho de Mafra. Isto apesar ter obtido, globalmente menos 500 votos para as Assembleias de Freguesia do que em 2009.

Nota especial para a minha freguesia, Ericeira, reconquistada por Filipe Abreu, com maioria, a uma liderança PS que tanto destruiu o bom trabalho feito anteriormente. O PSD obteve mais 258 votos do que em 2009, já o PS perdeu 136 votos, o BE nem se apresentou a votos (tinha tido 468 votos) e a CDU mais do que duplicou a votação com mais 198 votos. A candidatura independente de Mano Silva obteve 349 votos e um mandato na Assembleia de Freguesia.

Câmara Municipal

Depois de um processo interno muito complicado, com muitas birras e teimosias, o PSD apresentou o deputado e ex-vereador Hélder Sousa Silva como candidato. Contrariado, o ainda presidente da Câmara, Ministro dos Santos, nunca manifestou grande apoio a esta candidatura.

Talvez isso explique a perda de 1010 votos em comparação com 2009, apesar de terem havido mais 1036 votantes. O PSD vence a Câmara, mas face os resultados anteriores não convence. Com um candidato sem qualquer ligação ao Concelho, o PS conseguiu subir 115 votos. O CDS perdeu 466 e o BE não se apresentou a votos.

Desta vez a CDU foi mesmo a grande vencedora destas eleições ao ter elegido um vereador. Graças à falta de comparência do BE, a CDU teve mais 1792 votos, mais do que duplicando o resultado de 2009.

Assembleia Municipal

A votação para a Assembleia Municipal tem sido sempre um “sim, mas…”, o PSD ganha mas a votação é sempre inferior à da Câmara. Este ano, mais do que isso o resultado deveu-se a vários erros de casting, que resultaram numa descida de 5,11% e na perda de um mandato ao se obterem menos 1035 votos (apesar de existirem mais 1047 votantes).

Neste órgão que será de uma importância vital nos próximos 4 anos, dados os problemas de liquidez que assolam o município, o PSD consegue manter a maioria graças aos 10 presidentes de junta. Será interessante observar como será feito o equilíbrio de poderes entre o presidente da Câmara e o da Assembleia (e também do PSD local) que não se costuma esquecer rapidamente do passado.

Apesar de ter uma votação inferior em 154 votos, o PS consegue mais um mandato, a forte subida da CDU apenas lhe vale mais um mandato do que em 2009, à custa do CDS que teve menos 621 votos, e o BE mantém o seu representante na AM apesar de ter tido menos 536 votos.

Conclusão

Considero lamentável que apenas 49.76% dos inscritos se tenham dignado a exercer o seu direito ao voto. Apesar de o concelho ter crescido em 8648 eleitores, houve apenas mais 1036 votantes, tendo a abstenção passado de 43.94% para 50.26%.

Isto prova, claramente, que a integração dos novos habitantes do concelho não está a ser bem feita. Urge tomar medidas para que estes novos habitantes se integrem na comunidade e para que Mafra não se torne num concelho dormitório de Lisboa.

No plano partidário, o PS é o maior derrotado na noite eleitoral mafrense. Tiveram uma oportunidade de ouro e desperdiçaram-na, primeiro com a péssima gestão que fizeram aos mandatos ganhos em 2009 e depois com a apresentação de um candidato sem qualquer ligação ao Concelho e com telhados de vidro quase tão frágeis como facto de o candidato do PSD ser deputado e ter votado favoravelmente em questões delicadas mas fundamentais para o futuro de país.

O PSD não esteve verdadeiramente unido, com a campanha a ser assegurada maioritariamente pela JSD e pelo movimento de independentes e também isso se reflectiu no resultado, que deveria ter sido muito melhor dada a popularidade do candidato e a inabilidade do PS.

A CDU está de parabéns ao ter elegido um vereador e conquistado espaço que estava a ser ocupado pelo BE.

O CDS continuou insignificante, como tem sido em Mafra, mas agora ainda mais.

Actualização: por erro de leitura dos resultados, tinha escrito que a candidatura de Mano Silva tinha roubado a maioria absoluta na Assembleia de Freguesia da Ericeira, tal facto não corresponde à verdade e como tal foi rectificado.