Era domingo, e ao domingo é imoral sair da cama antes do meio-dia, pelo menos para mim. Acordei com as ideias turvas, é o que dá viver as pessoas muito mais intensamente do que os locais. Tinha fome e com o meu gorro “à sem-abrigo” decidi fazer-me à cidade, sozinho porque considero-me sempre a melhor companhia.
Eu gosto de deambular por ruas onde ninguém me conhece e o ambiente frio de Bruxelas é fantástico para isso. Foi neste dia que mais gostei da cidade, foi neste dia que a observei melhor, foi neste dia que a máquina passou mais tempo no bolso e mais imagens se me gravaram na memória.
Depois de ter passado pelo puto a mijar e não o ter visto, de ter voltado a trás e pensar “Ah, e isto é uma atracção turística?”, tive de me ligar ao mundo, já não estou habituado a informar-me pela televisão, nem sequer gosto, na Internet a informação que eu quero vem ter comigo e ainda pude escrever isto.
Perdi-me novamente pela cidade e decidi voltar ao hotel, em boa hora o fiz pois nessa tarde o Jorge e o Vasco proporcionaram-me uma tertúlia sobre política das mais agradáveis que me lembro de ter tido.
Uma noite memorável foi nascendo do nada e ainda deu direito a sessão de rap proporcionada pelo entregador de pizzas.
Este foi o melhor dia.